Morretes está inserida no contexto histórico do descobrimento das primeiras jazidas de ouro em território brasileiro, encontradas nos rios que deságuam na baia de Paranaguá. Desde a segunda metade do século XVI a região foi frequentada por preadores, faiscadores e comerciantes vindos de São Vicente, atraídos pela noticia da descoberta de ouro. Assim, esse fluxo de pessoas para a região, em 1721, determinou que a Câmara Municipal de Paranaguá medisse e demarcasse 300 braças em quadra, para servir de localização à sede da futura povoação, a qual ocorreu somente em 1733.
O processo de fixação e crescimento da população é marcado com a construção da primeira igreja, por volta de 1769, dedicada a Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes. Estrategicamente localizada no sopé da Serra do Mar, é o ponto de partida e chegada do Caminho Colonial do
Arraial e o Caminho Colonial do Itupava; importantes vias de comunicação entre o planalto curitibano e o litoral paranaense. Esses caminhos, originalmente, eram picadas abertas por indígenas, as quais foram utilizadas pelos faiscadores de ouro e, depois, como via de transporte de pessoas e mercadorias. A utilização dessas vias de comunicação terrestre contribuiu para o desenvolvimento social, econômico, político e no processo de transformação urbana ocorrida ao longo dos anos. Quanto aos aspectos arquitetônicos e urbanísticos, a morfologia de Morretes segue os caminhos do suporte natural e da história.
Amancha urbana mais antiga se desenvolveu às margens do Rio Nhundiaquara, reproduzindo a clássica implantação luso-brasileira com um traçado
orgânico, largo e praceado, que mescla espaços pedestrializados e eixos viários tradicionais, os quais produzem visuais que permitem uma leitura
abrangente entre o construido e o natural, composição harmônica que torna o centro histórico único. Arelação entre os espaços públicos e privados
também é de grande relevância, pois estabelecem, ao longo do rio, avarandados restaurantes e quintais privados. Os lotes muito estreitos e profundos,
dos quais somente a porção frontal é edificada, evidenciam o gabarito das construções que, em sua imensa maioria, são edificações térreas, que não sobressaem à linha d o horizonte.
Aárea de tombamento é delimitada pelo polígono marginado pelo Rio Nhundiaquara, desde a ponte ferroviária do Ramal de Antonina, descendo rio abaixo até encontrar o prolongamento da Rua Coronel Modesto. Segue por esta até encontrar o Largo Antônio R. dos Santos, seguindo para oeste até a Rua Visconde do Rio Branco, até encontrar a Estrada de Ferro Paraná, englobando dentro de sua área de influência as casas da vila ferroviária, até encontrar a Rua Marcos Malucelli, seguindo pela linha férrea até encontrar os trilhos do Ramal Ferroviário de Antonina, pelo qual retorna ao ponto de partida (Perimetro Tombado); e é, também, estabelecido pelo Perimetro de Entorno, delimitado pelo polígono que inicia na confluência da Rua José Moraes com a Rua Coronel Modesto, seguindo pela Rua José Moraes até os trilhos da Ferrovia Paraná, até o prolongamento da Rua Visconde do Rio Branco, pela qual segue até o Largo Antonio R. dos Santos até encontrar a Rua Coronel Modesto, pela qual retorna ao ponto de partida.